terça-feira, 30 de dezembro de 2008

O minuto com 61 segundos



Imagem em: www.wallpaperbase.com


O space shuttle dirigia-se para a Terra a toda a velocidade, os escudos térmicos estavam accionados e começava a ver-se a incandescência das ligas metálicas devido ao atrito. Os astronautas estavam ansiosos pelo regresso, afinal a missão já contava com seis meses e a vida no espaço apesar de toda a beleza, desgastava pela monotonia.
Pelos elaborados cálculos matemáticos estaria para breve a entrada na órbita terrestre, subitamente os computadores recalcularam a trajectória e deram o sinal de alerta. Alarmes soaram tanto a bordo, como na agência espacial internacional e gerou-se o pandemónio, cientistas começaram a deitar as mãos à cabeça, mas a frieza das máquinas não deixava dúvidas. Aqueles astronautas jamais voltariam a pisar o planeta Terra, um ligeiro desvio no ângulo de entrada na atmosfera fez com que a fricção fosse excessiva, como consequência os materiais não suportaram a temperatura e deu-se a desintegração completa.
Nos dias seguintes à tragédia, houve uma tremenda atenção por parte dos media e explicações sucederam-se. Falha dos escudos térmicos avançavam uns, erros nos cálculos referiam outros, havia ainda quem divulgasse que os materiais eram de qualidade mais fraca para diminuir os custos, porém o tempo foi passando e o relatório oficial não era divulgado. Lentamente os media foram perdendo o interesse e com eles, a opinião pública em geral. Enquanto isso o relatório foi elaborado e arquivado (chegaram-se a conclusões, mas estas nunca foram divulgadas devido ao embaraço que iriam causar).
A Terra continuava a mover-se como sempre, desde os seus primórdios. Mas com toda a tecnologia ao dispor do ser humano o tempo atómico passou a ser o método mais estável e exacto de medição. Na comunidade científica o método tradicional, o da rotação do eixo da Terra era obsoleto, sendo apenas referido pelas massas, como senso comum. Desse modo esse método mais antigo e também mais instável, necessitava ser acertado, afinal em 700 anos podia-se atingir a diferença de uma hora.
Nesse ano o último minuto teve 61 segundos e para quem pensa que um segundo não é relevante, atente. Num segundo: pode-se dizer o que nunca se disse a vida inteira (amo-te, odeio-te, beija-me, dispara...), bater um recorde, ganhar ou perder uma corrida, uma prova ou até a vida... e falhar a órbita da Terra.

Texto Baseado na notícia:

“No último dia do ano, o último minuto terá 61 segundos, para compensar a rotação do eixo da terra que abrandou ligeiramente. Cientistas decidiram acrescentar ao tempo atómico um segundo para “acertar” o tempo da terra." (Telejornal -RTP1)

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