domingo, 30 de agosto de 2009

Tarde de Vícios

Enquanto o orientador está de férias, e o trabalho fluí a meio-gás, há que tentar aproveitar o tempo antes do “mergulho” final. Nos próximos 15 dias, espera-se que o dever se sobreponha em larga escala ao prazer, e não haja tempo para mais nada senão para terminar o que já devia estar finalizado (mas isso seria tema para outra conversa).
Sou adicted! Tenho de confessá-lo, um dos meus vícios mais enraizados e que mais dá mais prazer é embriagar-me com sessões de cinema sucessivas. Haja tempo, dinheiro no bolso e claro filmes em cartaz que me seduzam e poucos programas serão para mim mais tentadores. Como egoísta que sou, gosto de ir ao cinema sozinho, não que tenha problemas de ir ao cinema acompanhado, mas se me perguntarem a minha preferência, devo responder honestamente que é a solo. Um dos motivos principais é o prazer de me sentar na 2ª, 3ª fila a contar do ecrã e abstrair-me do resto da sala (se virem o filme “Sonhadores” de Bertolucci, possivelmente entendem a ideia). Nesse momento só existem duas coisas EU e o FILME. Nem cadeiras, nem pipocas, nem cabeças, nem pessoas, nem NADA! As imagens que saem do ecrã, entram-me pelos olhos e projectam-se na alma (o som completa o ambiente de sedução) e eu fico hipnotizado, os olhos vidram e a mente relaxa.
Esta semana foi daquelas que a qualidade de cinema foi excelente, tanto em qualidade como em quantidade. Assim, 4ª e 6ª à tarde houve sessão tripla: dois dias, seis filmes, 732 minutos ou aproximadamente 12 horas de cinema e pura diversão ou encanto. Não querendo estragar os filmes a ninguém, uma vez que esse papel os críticos de cinema desempenham melhor do que ninguém, quando algumas críticas se limitam a contar o filme e particularmente o final. Vou apenas referir os filmes sem entrar em detalhes, e dizer o que achei de cada um em particular.

4ª Feira
Michael Mann e o seu “Inimigos Públicos” abriram a sessão. Gostei...gostei do ritmo, gostei da banda sonora, gostei da fotografia, de muitos planos e de algumas sessões de tiroteio. A história prendeu-me, e se não foi estranho ver o Christian Bale a fazer papel de justiceiro, foi um pouco diferente ver o Johnny Depp a desempenhar o papel de vilão/herói. Desempenhos sóbrios e sólidos, mas sem deslumbrarem (talvez não fosse o filme ideal, para brilharem). ********
O filme que se seguiu foi o “Limites do Controlo” de Jim Jarmusch. Não aconselho a quem não gosta de filme mais alternativos, mas se for esse o caso, talvez o achem merecedor de um visionamento atento. O filme tem um ritmo muito próprio (é um filme de repetições e ritos), respeita o “seu” tempo, respira vagar. O elenco é de luxo, os diálogos estão bem estruturados e não tentem entender tudo, deixem-se levar. ********


Para acabar o dia, e por mero acaso, o melhor ficou guardado para o final, “UP”. A Pixar cada vez que “mete as mãos à obra” produz uma obra-prima, é incrível a qualidade destas pérolas. Antes do filme há a habitual curta (Parcialmente Nublado), para mim a melhor de todas as produzidas até à data, um PRIMOR (é a melhor palavra que me ocorre). Seguidamente o filme, ou melhor a Pérola. A qualidade dos detalhes é a do costume, porém e mantendo-se o fantástico humor, talvez seja o filme que passe a mensagem mais adulta (não a vou desvendar), tornando-se para mim num clássico. **********

6ª Feira


Quarta-feira terminou com uma pérola da animação, 6ª começa da mesma maneira, “Ponyo à beira-mar” de Miyazaki (autor de filmes de encantar, tais como, “A Princesa Mononoke”, “A Viagem de Chihiro” e “O Castelo Andante”). Desta vez nada de animações por computador (a comparar com a Pixar), apenas os companheiros habituais de Miyazaki, desenhos “à moda antiga”. A história têm a magia sempre presente no Universo do realizador/argumentista e só existe uma palavra que descreva este filme: Belo! Nada mais a acrescentar. **********

E eis que chegamos ao “Inglorius Bastards”, o filme de guerra (será!?) de Tarantino. Magnífico é o que tenho a dizer. Acho que desde o mítico Pulp Fiction que um filme deste realizador não me dava tanto prazer (pode-se dizer que é um elogio, daqueles muito, muito especiais), repleto de humor negro, o filme transcende a 2ª Guerra Mundial e o “mero” filme de guerra. Para mim o tema central é o tributo prestado ao cinema e sem desvendar mais, um conselho: Vejam o filme (se gostarem da obra de Quentin, obviamente). **********

P.S- Christoph Waltz está BRILHANTE.


Para finalizar este dia tão perfeito. A última sessão do dia (e da semana) revelou mais um filme com um argumento genial. História de um homem, como tantos homens, um criativo com medo de falhar, um encenador (Philip Seymour Hoffman, mais um papel igual a si próprio). Não quero referir nada mais porque o filme vale pela surpresa em si e tudo o que possa dizer pode arruiná-lo, como tal ____. *********

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